terça-feira, 2 de março de 2010

"A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade." Pablo Picasso


Antes mesmo do surgimento da escrita, o homem primitivo já produzia arte. Desde os primórdios dos tempos cercou-se de pinturas (as conhecidas pinturas rupestres), ornamentou seus utensílios (como a maravilhosa cerâmica marajoara), criou danças, músicas, adornos para o corpo e esculturas dos mais diversos materiais (da Vênus de Willendore, escultura austríaca de calcário, à Vênus de Milo, estátua grega em mármore). O ser humano sempre precisou se cercar de arte para viver.
Arte não apenas como a busca do belo _ conceito tão relativo e histórico _ mas, acima de tudo, como uma necessidade de expressão de nossas origens e visões de mundo. Em sua criação, o artista projeta a sua interioridade, o seu saber, as suas intuições, a sua emotividade.
Os objetivos imediatos da sua obra são de todos os tipos: crença em seu poder mágico, adoração religiosa ou política, conquista do parceiro ou do poder no grupo, necessidade de cercar-se de beleza. A riqueza da arte está exatamente na sua capacidade de reunir todas as dimensões humanas - a mística, a emotiva, a racional, a corporal. O tipo de experiência que a arte é capaz de proporcionar é único, e não pode ser substituído por nenhuma outra área do conhecimento humano.
Um homem, um tronco gigantesco, mãos habilidosas e muito talento e inspiração. Esses são os ingredientes básicos para o nascimento de uma obra de arte (no caso, de uma escultura em madeira). È surpreendente ver o que esses ingredientes juntos são capazes de criar! Escrevo esse artigo ainda tomada pela emoção, pois tenho presenciado esse “milagre artístico” acontecer. Tive o privilégio de ver surgir de uma enorme tora de madeira disforme a figura, para mim tão conhecida, de Peter W. Lund.
O homem criador: Celso Vieira. O tronco: um enorme pequizeiro. As mãos habilidosas, o talento e a inspiração: quem conhece os trabalhos, a vida e a sensibilidade desse artista, sabe que ele os tem de sobra.
Celso Vieira resolveu homenagear e resguardar a seu modo a Cultura e História de Lagoa Santa através de uma escultura em tamanho natural de seu personagem histórico mais ilustre. Como matéria-prima escolheu um pequizeiro, árvore de grande significado para nós que vivemos no cerrado e, em especial, para Peter Lund. Foi à sombra dessa árvore que o naturalista escolheu para ser enterrado e, agora, é de uma delas que ele ressurge para tornar mais viva sua história. Quem passa pelo Atelier de Celso Vieira o vê trabalhar retirando lascas de madeira e revelando lentamente a imagem de Peter Lund. Ao presenciar essa cena, lembrei-me de uma frase de Michelangelo Buonarroti: "Eu vi o anjo no mármore e esculpi até que o libertei.” É emocionante!!!
Temos o péssimo hábito de supervalorizar o que está longe de nós no tempo, espaço ou possibilidade de conquista e, assim, não damos o devido valor ao “nosso”, ao que está ao nosso alcance. Quantos conhecem artistas de outras épocas e lugares e não os da sua terra? Quantos visitam museus pelo mundo afora e não conhecem os da própria cidade? (Sabia que existe um museu com obras de Celso Vieira nos fundos de seu Atelier na R. Comendador Victor, 199, Santos Dumont, Lagoa Santa? Não perca a chance de conhecê-lo.)
Passou da hora de conhecermos e valorizarmos o que é nosso: nossa cultura, nossa História e nossa Arte. Por isso, meu amigo Celso Vieira, obrigada por nos presentear com sua excepcional produção artística e por nos ajudar a preservar a História de Lagoa Santa e de Minas Gerais com sua escultura de Peter W. Lund.

Autora: Ana Paula A. Marchesotti

2 comentários:

Brasil Desnudo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Brasil Desnudo disse...

Bom dia, Ana Paula!!

Ótimo seu blog!!

Como já sigo uma mineira que amo de coração, historiadora também, mas acima de tudo, Amiga!
A história é uma das artes do saber, onde nosso Povo não tem ainda, ou teve! A oportunidade de valorizar!
Sempre fui um questionador do Porque?
Porque as pessoas não conhecem primeiro a história do seu País, no caso o Brasil, e passa a valorizar viagens internacionais, sem ao menos, conhecer a imensidão territorial e a diversidade cultural que ele nos proporciona!
Temos uma vasta e longa costa, onde a maioria da população não tem a mínima idéia da beleza costeira do Brasil...
Se partimos em direção ao centro oeste, veremos uma rica diversidade que nos surpreende ainda mais...
Um exemplo de exuberância na fauna do centro oeste, e uma das maiores concentrações de araras, das mais diversas, no estado de Goiás, onde as cores e tamanhos, cria um espetáculo a parte e, um verdadeiro cenário da própria arte...
Subindo ao norte, a exuberância da Floresta Amazônica, com seus rios e afluentes que cortam a floresta, tornando-a mais bela ainda...
De norte a sul, de leste a oeste, somos o maior em belezas naturais, rios, fauna e flora...

Enquanto isso Ana Paula, nosso Povo, surpervaloriza o conhecimento externo, e não! O nosso tão lindo Brasil...
Excelente seu blog querida, meus parabéns e, fico feliz por seguir mais uma Historiadora mineira...

Um ótimo dia pra Ti de muita paz e amor em seu coração...

Marcio RJ