segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

O marco da origem do povoamento de MG ao nosso alcance!!!



Junho é um mês de grandes comemorações: festa junina, dia dos namorados e, esse ano em particular, Copa do Mundo. Os amantes da natureza, da cultura e da História ganharam mais um motivo para se alegrarem. Dia 13 de junho de 2010 foi entregue à população o complexo de obras do Parque do Sumidouro e a restauração da Casa de Fernão Dias, localizados em Quinta do Sumidouro, Pedro Leopoldo.

O Parque do Sumidouro, além de suas belezas naturais, guarda um grande significado para a História e Ciência Mundial. Em suas cavernas, o naturalista dinamarquês Peter W. Lund(1801-1880) encontrou fósseis que revolucionaram o conhecimento sobre a ocupação humana no Planeta e na América. Em 1843, deparou-se com ossadas humanas na mesma camada geológica de ossadas de animais extintos e percebeu que tinham características morfológicas distintas dos ancestrais dos índios americanos. A partir de seus achados em Sumidouro, Peter Lund concluiu que o homem primitivo coexistiu com a megafauna extinta, que a ocupação humana da América era bem anterior ao que se supunha e que os povos primitivos do Vale do Rio das Velhas assemelhavam-se mais com os africanos e os chamou de “Homem de Lagoa Santa”. Essas eram idéias inovadoras na Ciência Mundial.
A Casa de Fernão Dias é um marco ainda mais remoto da História de Minas Gerais. Trata-se de uma pequena casa na beira da estrada, a cerca de 800 metros do Rio das Velhas. Serviu de pouso temporário para os bandeirantes paulistas que desbravaram as terras mineiras e, anos mais tarde, foi um apoio à mineração que se efetivava no leito do rio das Velhas. Ela representa o começo do processo de formação dos primeiros núcleos urbanos mineiros.
Seu ilustre morador - Fernão Dias Paes (1606-1681) - foi um reconhecido bandeirante paulista que chegou à região por volta de 1674 ao perseguir o sonho de encontrar a Terra das Esmeraldas, a mítica Serra de Sabarabuçu.
Partiu de São Paulo com uma numerosa Bandeira e percorreu vasto território antes de chegar à Quinta do Sumidouro ou, na língua tupi, Anhonhecanhuva (água que some no buraco). No local construiu uma casa e a charmosa capela de Nossa Senhora do Rosário, plantou roças, criou animais e transformou o lugarejo em pouso e abastecimento dos bandeirantes. Chamou-o de Arraial de São João do Sumidouro.
Desde que os portugueses chegaram ao Brasil, Entradas e Bandeiras eram realizadas no interior do país em busca de riquezas minerais e indígenas para serem escravizados. Porém nenhuma delas contribuiu para a ocupação do território mineiro. Na verdade, promoviam o despovoamento na medida em que deslocavam a população nativa para as fazendas ou simplesmente a exterminava em conflitos. Foi a partir da Bandeira de Fernão Dias que se iniciou o povoamento e o surgimento dos primeiros núcleos urbanos em Minas Gerais.
Fernão Dias nunca encontrou suas tão sonhadas esmeraldas. Chegou a acreditar que sim ao se deparar com turmalinas. Enviou ao rei de Portugal amostras desta pedra, mas morreu antes de saber do que realmente se tratava. Seu sonho e sua expedição, porém, foram responsáveis pela descoberta de ouro e início da ocupação do território mineiro. O povoamento efetivo, entretanto, só ocorreu a partir do final do século XVI.
A bucólica Quinta do Sumidouro foi palco de duas mortes históricas. A primeira, do filho de Fernão Dias – José Dias – assassinado pelo próprio pai após participar de uma Insurreição contra ele. Era um momento difícil da Bandeira. O desânimo e a revolta aplacavam o grupo diante da falta de resultado das buscas, constantes baixas sofridas, falta de recursos e dificuldades de abastecimento. Alguns voltavam para a casa, outros tramavam uma revolta contra o líder Fernão Dias. Este foi implacável com os insurgentes e não perdoou o seu filho.
Outro crime ocorreu após a morte de Fernão Dias. Seu genro, Borba Gato, foi acusado de armar uma tocaia contra o Administrador Geral das Minas, D. Rodrigo de Castelo branco, enviado pelo rei. Era uma disputa de poder pelas riquezas recém-descobertas. Por esse crime, Borba Gato fugiu e ocultou-se nas entranhas de Minas Gerais por mais de 10 anos, onde encontrou outros veios auríferos. Mais tarde reapareceu propondo uma negociação com o governo: o arquivamento do seu processo em troca da revelação dos locais onde encontrou jazidas de ouro. Borba Gato não só conseguiu o perdão como também cargo de confiança na administração das minas.
A imagem criada em torno da figura dos Bandeirantes guarda um grande paradoxo. Alguns os vêem como heróis, desbravadores, corajosos, descobridores e povoadores do país. Outros os vêem como bandidos, assassinos de índios, mercenários e cruéis. Certamente são um pouco de tudo isso, mas não podemos julgá-los com os olhos e valores do século XXI.
Numa época em que “Os portugueses andavam como caranguejos, arranhando o litoral.” (Frei Vicente Salvador), os bandeirantes cumpriram um importante papel na ocupação do território brasileiro. No caso de Minas Gerais, o bandeirante Fernão Dias e seus seguidores fizeram a diferença em nossa História. Agora é só fazermos uma pequena viagem até Quinta do Sumidouro para realizarmos uma longa viagem histórica até nossas origens.

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